Ventilação Mecânica Básica
Alguns parâmetros ajustáveis no ventilador mecânico são necessários para promover o início da entrega de fluxo ao paciente (disparo), o fim da fase inspiratória e início da fase expiratória (ciclagem) e manter o controle sobre as principais variáveis, como fluxo, volume e pressão (limite).
Disparo
O disparo do ventilador determina o início da fase inspiratória. Este disparo pode ser a tempo, fluxo ou pressão; sendo esses dois últimos apenas presentes quando o paciente mantém seu drive respiratório. Portanto, quando há alguma variação no fluxo ou pressão, o ventilador identifica estas perturbações e, caso alcancem os limiares previamente estabelecidos, o mesmo fornece fluxo de gás ao paciente. Caso o paciente esteja completamente sedado, sem presença de drive respiratório, ou seja, incapaz de produzir força muscular inspiratória, o ventilador é disparado a tempo que é ajustado pela frequência respiratória. Assim, caso o paciente se encontre nesta situação, e uma frequência respiratória de 12 irpm seja ajustada, o ventilador iniciará um ciclo respiratório a cada 5 segundos (5s x12 irpm = 60 segundos).
Ciclagem
A ciclagem do ventilador encerra a fase inspiratória e inicia a fase expiratória. Os tipos de ciclagem mais comuns são por tempo, volume ou por um percentual de pico de fluxo inspiratório. Diferente do disparo, que pode coexistir em um mesmo modo; a ciclagem é, praticamente, exclusiva - salvo algumas exceções. Portanto, no modo PCV a ciclagem é por tempo que é definido pelo operador. Na maior parte das vezes encontramos, na literatura, este tempo variando entre 0,8s a 1,2s, contudo, a duração desta fase inspiratória pode ser ou menor ou maior dependendo de cada paciente. Após percorrido o tempo estabelecido, o ventilador muda de fase, caracterizando, assim, a ciclagem.
No modo VCV, a ciclagem é por volume. Ou seja, assim que o volume estabelecido é alcançado, o ventilador muda de fase.
No modo PSV, a ciclagem é por um percentual de pico de fluxo inspiratório. Este percentual pode variar de caso a caso, mas, em média, ajusta-se entre 30-35% do pico de fluxo.
Perceba que, alterar esses parâmetros pode levar ao aumento da fase inspiratória ou ao seu encurtamento.
Limite
O limite é o valor máximo permitido mediante a algum ajuste. Por exemplo, no podo PCV, que é um modo controlado a pressão, o limite é a pressão de vias aéreas. Desta forma, não importa o que aconteça com a impedância do sistema respiratório, se a complacência aumenta ou diminui ou se a resistência aumenta ou diminui, a pressão estabelecida sempre setá alcançada. No modo VCV, o fluxo é o limite.
Muitas das vezes, os alarmes também acabam cumprindo este papel. No entanto, os alarmes são sistemas de segurança e não fazem parte do ajuste exclusivo de cada modo. Por exemplo, ao ajustar o modo VCV para gerar determinado fluxo e volume, o ventilador sempre ofertará o volume pré-estabelecido na taxa de fluxo escolhida. Contudo, qualquer mudança na impedância do sistema respiratório, apesar de não alterar o volume, altera a pressão do sistema. Assim, 500 mL de volume corrente em um pulmão com uma complacência X provoca uma pressão de pico de 30 cmH2O; este mesmo volume corrente, no mesmo paciente, pode provocar uma pressão de pico maior de 40,50 ou 60 cmH2O caso a complacência reduza bastante. É possível que o ventilador adiante a ciclagem nestes casos caso o alarme de pressão máxima esteja ajustado em 35 cmH2O, por exemplo. Neste caso, houve uma limitação da fase inspiratória não por um ajuste propriamente dito do modo, mas por uma questão de segurança do alarme de pressão.
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